quinta-feira, 9 de abril de 2009

Notas sobre a Suécia

Escrevi sobre todos os países pelo qual passei em fins do ano passado, à exceção da Suécia. Injustiça com os suecos, outro povo que consegue, sabe-se lá como, manter elevado padrão de vida para a sua população. Diferentemente dos noruegueses, são mais parecidos com o que temos em nossa imaginação. São mais fechados, apertam mais seus casacos durante o frio, escondem-se em suas casas em meio à neblina. Foram gentis, mas um pouco frios.

Cheguei direto vindo de Oslo, onde tinha conhecido belas gurias. Kil (pronuncia-se Xil) é uma pequena cidade no interior, onde meu amigo Mattias é pastor. Estávamos perto de Karlstad, na região oeste da Suécia, onde a secularização estranhamente não é tão forte. Mattias é um cara legal e me levou pra conhecer os lugares e conversar um pouco, além de me oferecer um colchão. Conversa pouco mesmo, o assunto às vezes acaba, ele é o típico esterótipo do pastor sueco. Pela manhã, fomos a uma das igrejas em que ele trabalha. Curiosamente, lápides cercavam a igreja. Nos jardins, ao lado da porta, em todo o lado. Cemitérios na Suécia ficam realmente junto à igreja, um costume no mínimo interessante. Despedi-me à noite e parti em direção a Estocolmo.

Logo que cheguei em Estocolmo, dei de cara com um "Welcome to Stockholm, the capital of Scandinavia". Arrogante talvez, mas de fato Estocolmo é a maior cidade da região, com cerca de 1,5 milhão de habitantes espalhados em uma vasta área coberta por trens e metrôs. Minhas amigas Jenny e Elin lá me esperavam e, assim, fui recebido na casa da Jenny com uma bela refeição tipicamente sueca. Rena, batatas e um monte de coisas que nunca saberei o que eram.

Jenny tem dois irmãos. Uma quase nem falou comigo (estava um pouco doente), enquanto o outro, um piá de 9 anos, estava nitidamente envergonhado com a minha presença. Aos poucos, ele começou a falar inglês de forma surpreendente. É triste quando você percebe que suecos de 9 anos falam inglês tão bem quanto você e isso é normal. E quando ele tem 20, como um cara que eu encontrei no trem, ele tem o inglês dez vezes melhor que o seu. Tudo bem, o cara que eu encontrei no trem estava lendo Paulo Coelho em sueco e foi assim que começamos a conversar, mas ele era gente boa. Voltando ao moleque, ele se soltou, mas sumiu em direção à cozinha. Minutos depois, enquanto notícias sobre hockey apareciam na TV sueca e passávamos para o canal finlandês, o irmão de Jenny reapareceu. Ele, o pequeno Martin, trouxera consigo uma bela esfera branca que ele segurava com as duas mãos. Uma bola de neve.

Olhei pasmo para a bola de neve que ele estava me oferecendo como presente. Jenny explicou que Martin soubera que um brasileiro vindo da selva e que nunca vira neve estava chegando pra passar dois dias na casa deles. Com medo que não nevasse na semana que eu chegasse (o que de fato se confirmou), ele fez a bola de neve na semana anterior e guardou no congelador. Uma surpresa divertida definitivamente. Crianças muitas vezes nos fazem rir de forma realmente espontânea.

Passeei por Estocolmo e vi que a cidade era bonita, embora estivesse frio e infelizmente escuro. Mulheres bonitas também, mas não como as norueguesas simpáticas e lindas de Oslo. De qualquer forma, pude conhecer um pouco dos costumes de Natal da Suécia, suas atividades e costumes. Assisti inclusive um espetáculo musical de Natal em uma igreja velhíssima de madeira e pude cantar hinos em sueco. Um costume muito comum entre os suecos é cantar em conjunto. Algo da igreja que ainda restou no costume, embora Deus há muito já esteja enterrado para a maioria deles. Uma pena: belos hinos que poucos ainda cantam de coração.

Amigos meus estão na Suécia agora e talvez possam contar melhor o que ocorre por lá através desse blog, mas eu espero um dia poder voltar e ficar mais tempo por lá e aprender mais sobre esse curioso povo.

2 comentários:

Humberto disse...

Deus está enterrado para os Suecos, ou seja eles são ateus?
eu soube que eles veneram o Estado de bem estar social, e no lugar de dízimo, pagam impostos. Na Dinamarca por outro lado, fazem-se charges de Maomé

Thomas H. Kang disse...

Assim como em boa parte da Europa Ocidental, o grau de secularização na Suécia é muito alto.

Quanto à veneração ao welfare state, pode até ser verdade, mas aparentemente, funciona muito bem. A qualidade de vida dos suecos, assim como dos noruegueses, é invejável. O que prejudica é o clima mesmo...