15:30. É noite na Noruega. Final de novembro e início de dezembro é a época mais depressiva nos países nórdicos. As noites escuras e longas são quebradas apenas pelo tímido sol que aparece entre 9 e 10 da manhã. É quase como se o sol aparecesse, cruzasse o céu correndo e caísse no horizonte em seguida.
As reuniões de um grupo de trabalho do Conselho Mundial de Igrejas que tivemos aqui na Kirken Hus (a tradução literal seria "Casa da Igreja") iniciavam às 9 horas e terminavam às 6 da tarde. Iniciavam à noite e terminavam à noite. Kirken Hus é onde está localizada a parte administrativa da Igreja da Noruega, que pertence ao Estado. Essa igreja, portanto, é financiada por impostos pagos pelos cidadãos noruegueses. Cerca de 83% dos noruegueses hoje são membros da Igreja da Noruega, que pertence ao ramo luterano do Cristianismo. Ainda assim, são poucos os membros ativos, dada a intensa secularização da região.
Após o dia (ou a noite, que seja...) de trabalho, não havia mais tempo para conhecer Oslo, afinal a escuridão já tinha tomado conta de tudo. Pelo menos, algum setor ou departamento da Igreja da Noruega dava um jeito de nos pagar jantares em excelentes restaurantes. Conheci típicos pratos natalinos noruegueses, além de outras iguarias como seus pescados. É bom lembrar que a Noruega é um país que depende em boa parte de pesca, assim como também de petróleo.
Na quinta-feira, sem mais trabalho a ser feito, pude passear um pouco. Passei pelo Parlamento, pelo Palácio Real e pelo moderno Museu do Prêmio Nobel da Paz. Mas mais interessante do que isso, as recepcionistas do hotel já me indicavam que as mulheres norueguesas deveriam ser bem atraentes. Existe um certo fetichismo em relação aos países nórdicos que eu pensava ser exagerado. Não é exagero. Mulheres lindas para todos os lados, com seus cabelos loiros na sua variação mais clara e natural. Não é simplesmente por serem loiras, mas a concepção de rosto delas em especial é muito atrativa. Sem contar que costumam ser simpáticas e solícitas. É um povo muito mais aberto e amigável do que eu supunha, dado o inóspito clima da região.
Na frente do Palácio Real, estava ocorrendo alguma cerimônia. Uma pequena exibição militar aparentemente devido à saída do Rei. Não estava certo disso e resolvi perguntar pra uma guria linda que ajudava a cuidar de uma turma de crianças. Começamos uma amigável conversa que durou até o momento em que ela perguntou o que eu estava fazendo em Oslo. Respondi que estava em uma reunião de igreja na sede da Igreja da Noruega. Quase instantaneamente, ela se afastou e passou a dar atenção para as crianças. Povo ateu esse... Bom, sem problemas, não havia tempo para mais nada, precisava pegar o trem para a Suécia.
Antes deixar Oslo de vez e pegar o trem, almocei pela última vez na Kirken Hus. Uma das moças que trabalhava ali era chinesa ou descendente de chineses. Mesmo as chinesas norueguesas são mais bonitas que as que geralmente eu vejo: provavelmente a chinesa mais bonita que já vi em vida. Infelizmente, nossa comunicação estava prejudicada: seu inglês não era muito bom (algo muito raro na Noruega, por isso acredito que ela realmente fosse chinesa). Mas interessante foi o comentário da outra garçonete norueguesa em meio a risadas: "Foi você que estava tocando piano ontem? Toca mais um pouco! Acho que ela (a chinesinha) gostou bastante!". E continuou rindo ao mesmo tempo que a simpática chinesa sorria timidamente com aquela reserva e embaraço tipicamente oriental. Mas não havia tempo para mais nada novamente. Comprei um sanduíche e agradeci. Ela balbulciou um "you are welcome" e eu deixei a bela Oslo para trás em direção à Suécia.